terça-feira, 5 de agosto de 2014

As plantas curam


Há um pouco mais de um ano atrás eu tirei uma sequência de quatro fotos parecidas, com a diferença de poucas frações de segundo em que as cores das luzes monocromáticas se alteravam. Essas luzes faziam parte da composição do palco secundário do festival Bananada no Centro Cultural Oscar Niemeyer, uma espécie de palco Sunset do Rock in Rio, versão Goiânia. O que tem de especial para mim? Nesse momento, mais de um ano depois, muita coisa.

Pessoalmente, na época, era um momento difícil da minha vida. Peguei uma câmera e decidi fotografar o fim de tarde no CCON durante o Bananada para simplesmente me distrair. Aproveitaria para fotografar o primeiro show da noite. Seria o primeiro show de muitos outros do Boogarins que eu iria ver ao longo desse mais de um ano. Eu havia conhecido Boogarins por intermédio de uma amiga que mandou o link de algumas músicas. Achei incrivelmente agradável e diferente de tudo o que eu havia ouvido de bandas novas. Depois a surpresa foi ainda maior por saber que a banda era goiana. Ela, então, me disse que eles tocariam no Bananada e eu fui conferir com a máquina fotográfica emprestada.

Na edição seguinte do Bananada, já no ano de 2014, muita coisa mudou em minha vida. Para melhor. Não sei se por esses motivos inexplicáveis de destino, acaso, sorte, aventura ou desventura, lá estava eu de novo de frente com os Boogarins no mesmo festival, no mesmo CCON. Porém, dessa vez, eu não era apenas um fã com uma máquina no meio de poucas pessoas. Agora eu era um fã que fazia parte da equipe que estava registrando o show deles oficialmente com gravação do vídeo que está no final do texto. Dessa vez eles não abriam o dia de shows com poucas pessoas na plateia em relação as bandas posteriores. Eles agora eram uma das atrações principais e contavam com uma multidão só para eles que já sabiam as principais letras de cor.

Nessa oportunidade eu descobri que aquele show do longínquo 2013 (é piegas, mas depois de reviravoltas positivas, parece que a gente viveu dez anos em um só) era apenas o terceiro show da carreira deles. Com muita destreza, talento, ousadia e oportunismo, eles souberam aproveitar as portas que se abriram no caminho de lá até aqui. Engataram turnês pelos Estados Unidos e Europa, mas encontram Goiânia Rock City um porto seguro. Colecionam vídeos no YouTube, publicações em jornais, portais e blogs em diversos lugares do mundo e principalmente fãs. E o mais legal de tudo é que eles têm a mesma faixa etária que a minha, o que apenas aumenta a inspiração de acreditar que é possível realizar sonhos, por mais improváveis que pareçam.

Aqui, nesse momento, só tenho que agradecer. Primeiramente a minha amiga Maria Angélica por me apresentar a banda e me convidar para ir naquele show. Também, ao meu amigo Larry, que tive a honra de conhecer nesse período entre festivais e que me colocou dentro de esquema da gravação. Toda a equipe que participou da filmagem, produziu e coordenou tudo para que desse certo. Todos me ensinaram pra caramba. E, claro, agradecer o Benke, Hans, Dinho e Raphael, os quatro cabras que compõem o Boogarins.

O título é uma referência ao primeiro EP deles, "As Plantas Que Curam". De certa forma, toda essa linha do tempo entre 2013 e 2014 é algo que foi curado por plantas invisíveis desses felizes acasos, ou seja lá o que forem, que me colocaram no caminho deles em um momento tão especial para mim. Quando peguei a câmera para tentar sair de uma fossa e ver os resultados das fotografias, não sabia que tanta coisa boa iria acontecer. Bom, aconteceu. E em meu voo eu vou sem aterrizar.